Antes de « afogar o sujeito » vamos deixar claro que eu gosto muito do Natal, mesmo.
Natal afaga minhas entranhas de tanta memoria boa mas você vai ter que concordar comigo que o trem está meio fora dos trilhos ultimamente, não é?
Ano passado, nessa mesma época, eu estava no Instagram divagando sobre minha revolta contra o sistema absoluto de consumo e voilà que esse ano estou dando um passo mais largo e convidando você a refletir mas não só.
E se eu te disser que com ações bem simples podemos melhorar a qualidade das memórias que criamos, para nós e para as nossas crias, você topa?
Entao vamos lá!
Pra fugir da matemática tenho+que+comprar nessa época do ano (mas poderia ser em qualquer outra, não se esqueça disso!) depois de 3 anos essas são nossas estratégias natalinas:
Esse titulo só é bacana se for no diploma, e olhe lá. Atualmente as estratégias de marketing e a pressão que nos impulsiona a consumir entra sorrateiramente em nossa casa, sem mesmo ter sido convidada. Para evitar « cair na tentação » minha tática é cortar a raíz do problema.
Uma simples etiqueta na caixa do correios (STOP PUB) pode evitar a invasão de catálogos e promoções de produtos interessantíssimos pra nossa vida que até então não tínhamos sequer a ideia da sua existência. Evitamos também o consumo quotidiano da tv aberta.
Não sei se você sabe, mas os « comerciais » na tv francesa costumam durar entre 6 e 8 minutos. Dá pra imaginar a quantidade de produtos a oferecer em 3 intervalos de um filme ou um desenho?
Nem por isso ficamos sentados em roda na frente da lareira esperando a « tempestade » passar.
Utilizamos Netflix, Amazon TV e muitos livros pra ocupar nosso tempo sem ser pressionado a comprar o novo espremedor de frutas que faz a melhor laranjada do século XXI.
Não vamos abordar aqui a questão ecológica pra não fugir do sujeito, mas pense nela se puder ok?
Como consumidores nossas compras são o que chamamos de demanda e quanto maior for a demanda existente maior será a oferta. Mas nesse caso não é a oferta = promoção. Infelizmente. Estamos apenas falando de quantidade. De milhões de produtos oferecidos pra encher nossas casas e esvaziar nossos cofrinhos. Pra fugir desse circuito nós compramos de segunda mão. Roupas, brinquedos, produtos eletrônicos, a lista é infinita e felizmente é uma realidade possível. Aqui na frança temos ao nosso dispor sites e aplicativos diversos pra essa brincadeira.
« Ah! Mas roupa na Europa é tão barata e vc ainda compra usada? » Sim! Pago ainda mais barato, dou uma segunda vida a uma roupa que iria sem duvida parar no lixo, fujo do consumo imposto pelo capitalismo, preservo um material que ainda tem vida útil e não aumento a produção de lixo evitando o consumo de uma peça « nova ». Que sabe-se lá como e onde e por quem foi feita para custar tão barato… E isso vale pra família toda!
Em suma, faço economia, cuido do planeta e de quebra ensino pra minha cria outros valores, que tal?
Já estou ouvindo seu pensamento: « mas e as tradições ? »
Se você leu até aqui já entendeu que toda essa brincadeira vai exigir novas formas de reflexão. E ainda bem!
Já pensou se tivéssemos utilizado a desculpa da tradição pra justificar a caça às « bruxas » ou a decapitação em praça publica nos dias atuais?
(Se vc concorda com essas ou outras tradições do tipo, seu lugar não é aqui amigo, procure ajuda!
Pra vc concorda comigo, continuemos…)
Está mais do que na hora de melhoramos e adaptarmos nossas tradições e ensinar aos nossos filhos, sobrinhos, amigos e tios pentelhos que natal é muito mais que árvore, amigo secreto, presentes e pavé.
Nós fazemos voluntariados nessa época. Tudo que pode ajudar e que a cria pode participar: doar brinquedos e roupas, distribuir sopa, visitar doentes no hospital, ajudar associações em ações de Natal. Tenho certeza que você vai encontrar algo do tipo por perto.
Lembra desse revista? Ela fez parte da minha infância. Era dela que a minha mãe tirava ideias de presentes e roupas.
Mas não se desespere, se você é como eu, que tem duas mãos esquerdas e física quântica é mais clara que costura, temos salvação. E ela é deliciosa.
Brigadeiro, meu povo, façamos brigadeiro ou biscoito ou bolo ou bordado ou o que a sua criatividade e destreza permitir. Presente não precisa de etiqueta. Um bom brigadeiro de pote feito com amor e carinho pode fazer muito gente feliz, vai por mim. Na escola do meu filho brigadeiro e granola feita em casa são aguardados com grandes expectativas.
Por último e não menos importante proporcione e viva momentos!
Tiramos do Natal da nossa casa presentes e colocamos presença.
Preparamos juntos as comidinhas que todos gostam, vamos ao cinema ou vemos filmes natalinos juntos e no lugar de uma árvore de plástico gigante cheia de coisas, com toda a economia que fizemos até aqui escolhemos juntos um destino, pesquisamos sobre ele com a maior riqueza de detalhes possível, sempre incluindo a cria e partimos nas primeiras semanas de janeiro viver um momento único. Sempre juntos.